Amigos da Onça

Amigos da Onça


A decisão de se fazer uma cirurgia estética nem sempre é fácil de tomar, sendo motivo de muitas reflexões, pesquisas, perguntas a este e àquele, levando em alguns casos meses ou anos até à decisão final. Nesta fase deve-se ir a uma consulta feita por especialistas devidamente credenciados e experientes naquilo que quer “arranjar”. Há pessoas muito determinadas e conscientes do que querem fazer, e para essas, a decisão de avançar é rapidamente tomada.

Também é verdade, que hoje em dia, com tantas informações e a pesquisa no “Dr. Google” as pessoas acabam por ficar baralhadas com tantas informações e opiniões contraditórias.

Os amigos e familiares podem ter um papel importante na decisão e em todo o processo que se segue. Infelizmente, o que se passa, é que em muitos casos não existe qualquer apoio e até pode haver contrariedade e desmotivação e casos ainda de ameaças de comprometer o relacionamento familiar e afectivo.

É essencial que um doente tenha à sua volta pessoas que lhe dêem apoio físico e emocional quando tem que se submeter a uma cirurgia, seja estética ou não, e mais ainda no período pós-operatório, não comentando coisas que desanimam, alarmam e pioram a situação. Por mais independente que alguém possa parecer, vai precisar de algum suporte após uma cirurgia, pois nos primeiros dias e semanas o doente pode sentir-se deprimido pelo desconforto, inchaços e «nódoas negras».

O doente deve tentar escolher uma companhia adequada que seja realmente um suporte e educadamente declinar a oferta de ajuda de pessoas muito críticas e negativistas. O mesmo deve fazer às que não se sentem à vontade com o aspecto inchado, com as nódoas negras, que temporariamente pode ter. É importante afastar ou não valorizar pessoas que, mesmo sem intenção consciente, são críticas e negativas contra tudo o que é estética, e algumas até, quem saberá, com alguma ponta de inveja…

Infelizmente não é raro ouvirem-se comentários e críticas pela cirurgia que se fez, assim como: «Eu preferia como dantes», «Não era preciso ter feito a cirurgia» ou «Está pior». Tais comentários podem ter diversas motivações, muitas vezes até inconscientes, mas podem determinar um stress adicional ao período de recuperação.

As críticas de amigos e familiares devem ser encaradas como algo natural de quem vê a situação de fora. Também não se devem esperar elogios – geralmente as pessoas são mais generosas na crítica do que no elogio…

Deve-se ter em atenção alguns “conselhos” de amigas, sem dúvida bem-intencionadas, para ir a este ou aquele médico mais barato porque vem fazer consultas a um cabeleireiro, gabinete de estética e outros locais e muitos deles nem sequer são especialistas ou estão devidamente credenciados e legalizados. Pode haver consequências difíceis ou impossíveis de resolver. O barato sai caro.

Pertencemos a uma cultura, que ainda não mudou, virada para o alarmismo e fatalismo. Prova disso a recente pandemia. Então é comum que quando um de nós vai fazer um tratamento, cirurgia seja ao que for, logo aparecem histórias que conheceram alguém em correu mal, que as coisas não foram como esperavam, etc., e que em cirurgia e medicina estética ainda é pior.

Deve ter-se sempre em mente que fez a cirurgia para si mesmo e não para satisfazer outras pessoas. Deve procurar-se apoio nas pessoas de maior afectividade, no cirurgião e na sua equipa para contornar essas dificuldades, concentrar-se nos objectivos traçados, nos motivos da cirurgia estética e no que de positivo vai alcançar.

Artigo original aqui

Dr. Ângelo Rebelo

Escrito por Dr. Ângelo Rebelo

Licenciado em Medicina em Julho de 1980 na Faculdade de Medicina de Lisboa, com a classificação final de 15 (quinze) valores.
Internato da Especialidade de Cirurgia Plástica, Reconstrutiva e Estética entre 1984 e 1990 nos Hospitais de Santa Maria e Hospital de São José, em Lisboa.