Saúde e Reabilitação oral quando passamos a ser menos jovens

Saúde e Reabilitação oral quando passamos a ser menos jovens

Um estudo recente do INE revela-nos que quase, metade da população portuguesa terá mais de 65 anos, dentro dos próximos 60 anos. A medicina dentária, no seu sentido mais geral, é coloquialmente associada – e muitas vezes mesmo mais orientada – para tratamentos da saúde oral de crianças e jovens.

Vemos enraizados os hábitos dos pais levarem as crianças aos dentistas (os primeiros dentes, as cáries na infância…), dos adolescentes corrigirem a dentição com aparelhos ortodônticos e cada vez mais dos jovens e adultos manterem essa vigilância e cuidados, mas constatamos que, a dada altura, as visitas ao dentista começam a espaçar-se.

Tornou-se normal uma pessoa mais velha ter a dentição comprometida, não ter dentes de todo e usar próteses pouco estéticas e pouco funcionais.

Felizmente, isso começa a tornar-se menos normal. Hoje, o paciente de 60 anos é, na sua maioria, um paciente com muita falta de dentes, com dentes arrancados e problemas de maxilar. A sua saúde oral é bastante pobre, com uma elevada prevalência de cáries coronais e radiculares e de patologia periodontal, reabilitação protética inadequada e presença abundante de placa bacteriana, seja nos dentes naturais ou nas próteses.

Ora o processo de envelhecimento do indivíduo é acompanhado por diversas transformações que afetam o sistema mastigatório, as glândulas salivares, as mucosas e os próprios dentes e respetivos tecidos de suporte. A face mais visível é a perda dos dentes naturais, com a consequente diminuição da capacidade mastigatória, mas não é a única tribulação.

A medicamentação, doenças sistémicas como a diabetes e tratamentos oncológicos, nomeadamente a radioterapia à cabeça e pescoço contribuem, por exemplo, para um baixo nível de saliva no idoso, sendo a xerostomia, ou “boca seca”, promotora e potenciadora de cáries, gengivites, risco de candidíase oral e outras sequelas na saúde oral. O tabagismo, o consumo excessivo de café e o stress também geram a hipofunção das glândulas salivares.

Os efeitos colaterais da idade e a falta de cuidados e vigilância fazem desta uma população de risco debilitada na sua saúde oral, mas que começa a estar mais informada e começa a valorizar o investimento na saúde oral.

Revestem-se, pois, de particular importância as reabilitações, que devem ser cuidadosamente planeadas e ter em conta essas alterações próprias da faixa etária e também com o fato dos doentes apresentarem, na maioria dos casos, outras patologias e serem polimedicados.

A técnica com o mínimo de quatro implantes é um procedimento cirúrgico e protético que consiste na reabilitação da maxila e da mandíbula, com prótese fixa, através da colocação de quatro implantes na região anterior dos maxilares, onde a densidade óssea é maior, permitindo a colocação de uma prótese fixa de 12 a 14 dentes, imediatamente, no próprio dia da cirurgia.

Quando se tem todos os dentes em falta ou quando os dentes já não são viáveis, este é o método utilizado para devolver os dentes e consequentemente a harmonia e a juventude ao sorriso do paciente.

Delimitaria os 60 anos como o marco ideal para iniciar os cuidados de saúde oral geriátricos, abrindo assim uma janela de várias décadas de qualidade de vida e saúde.

Quando iniciei a minha prática, as pessoas de 60 anos partiam de uma postura de que “já não valia apena”, agora, os 60, e também os 70, começam a ser encarados pelos pacientes como uma idade cada vez mais pertinente para se cuidar do sorriso e da saúde da boca e dos dentes, valorizando também, com crescente importância, a sua parte estética.

Cabe ao profissional informar e divulgar os modernos tipos de reabilitação disponíveis para esta população, com tratamentos hoje em dia mais acessíveis, menos invasivos, menos demorados e praticamente indolores.

Adaptando a frase célebre de Victor Hugo – “40 anos é velhice para a juventude, e 50 anos é juventude para a velhice” -, diria que os 60 anos podem ser velhice para a juventude, mas são atualmente juventude para os tratamentos de saúde oral.

Artigo original aqui

Dra. Esmeralda Martins

Escrito por Dra. Esmeralda Martins

Licenciada em Medicina Dentária pelo Instituto Superior de Ciências Médicas.Curso de Prótese Fixa e Oclusão dos Drs. Jean Pierre Blendard e Serge Mariescu.Curso de Modernas Tecnologias Aplicadas na Medicina Dentária.Vários cursos de Estética Dentária nas áreas de Implantologia e Ortodoncia.